Vamos falar da ferrugem do software ? O termo " code rot " descreve a deterioração gradual da qualidade do código em um software ao longo do tempo. Esse problema é comum em projetos de longo prazo, onde muitas pessoas trabalham em diferentes partes do código sem se preocupar com a qualidade geral do projeto.

A principal causa do "code rot" é a falta de atenção aos detalhes e à qualidade do código. Muitas vezes, as mudanças no código são feitas sem considerar o impacto no restante do projeto, o que pode levar a problemas de compatibilidade e complexidade desnecessária. Com o tempo, essas pequenas mudanças se acumulam e resultam em um código difícil de entender, manter e evoluir.

Para evitar o "code rot", é importante estabelecer padrões de qualidade para o código. Uma das formas mais eficazes de fazer isso é por meio de limites e acordos. Por exemplo, a complexidade ciclomática pode ser usada para definir um limite para a complexidade do código. A complexidade ciclomática é uma medida da complexidade estrutural do código, e é definida como o número de caminhos independentes em um programa. Limitar a complexidade ciclomática a um nível aceitável pode ajudar a manter o código legível e fácil de entender.



Complexidade ciclomática é uma medida numérica que indica a complexidade de um programa de software. A complexidade ciclomática mede o número de caminhos distintos que um programa pode seguir durante sua execução. Isso inclui caminhos de decisão em condicionais, loops e estruturas de controle de fluxo.

A complexidade ciclomática é calculada a partir do grafo de fluxo de controle do programa. O grafo de fluxo de controle é um diagrama que representa graficamente as diferentes decisões, loops e estruturas de controle de fluxo de um programa. A partir desse diagrama, a complexidade ciclomática pode ser calculada contando o número de regiões conectadas, que correspondem ao número de caminhos independentes que podem ser percorridos através do código.

Uma alta complexidade ciclomática pode indicar que um programa é difícil de entender, manter e testar. Isso ocorre porque o programa tem muitos caminhos possíveis de execução, aumentando a chance de erros e tornando o código difícil de compreender. A complexidade ciclomática também pode indicar áreas do código que precisam ser reestruturadas para melhorar sua qualidade e legibilidade.

A complexidade ciclomática pode ser usada para estabelecer limites no código e ajudar os desenvolvedores a escrever programas mais claros e legíveis. Por exemplo, algumas equipes de desenvolvimento estabelecem um limite máximo de complexidade ciclomática para cada função ou método. Quando um método excede esse limite, ele é considerado complexo demais e precisa ser reescrito ou dividido em funções menores.

Vamos considerar o seguinte código de exemplo em Python:

def calcula_idade(nome, ano_nascimento):
ano_atual = 2023
idade = ano_atual - ano_nascimento
print(nome, "tem", idade, "anos.")
if idade >= 18:
print("Você já é maior de idade.")
else:
print("Você ainda não é maior de idade.")

Para calcular a complexidade ciclomática deste código, precisamos construir o grafo de fluxo de controle. Cada decisão, loop ou estrutura de controle de fluxo adiciona uma região conectada ao grafo, o que aumenta a complexidade ciclomática.

No caso deste código, temos três estruturas de controle de fluxo: a declaração de if , que tem dois possíveis caminhos (um para a condição True e outro para a condição False ), e duas chamadas de função print , que não adicionam nenhuma região conectada ao grafo. Portanto, a complexidade ciclomática deste código é 3.

A complexidade ciclomática pode ser útil para identificar seções de código que precisam ser simplificadas ou divididas em funções menores. Neste caso, a função calcula_idade é relativamente simples e não é necessário dividi-la em partes menores. No entanto, se a função tivesse mais estruturas de controle de fluxo, a complexidade ciclomática seria maior e poderia indicar a necessidade de simplificar o código ou dividi-lo em funções menores para facilitar sua compreensão e manutenção.


Outra estratégia para escrever código de qualidade é seguir a regra " 80/24 ". Essa regra sugere que o código deve ser escrito em uma caixa de 80 caracteres de largura e 24 linhas de altura. Essa prática ajuda a manter as funções e métodos pequenos e legíveis, facilitando a compreensão e manutenção do código.

Além disso, é importante prestar atenção à documentação do código . Uma documentação adequada pode ajudar a garantir que o código seja entendido e mantido ao longo do tempo. A documentação pode incluir comentários no código, manuais do usuário, e documentação técnica do sistema.

Outra forma de evitar o "code rot" é através da revisão de código. A revisão de código é uma técnica em que um ou mais desenvolvedores revisam o código de outros desenvolvedores antes de ser incorporado ao projeto. A revisão de código ajuda a identificar problemas de qualidade no código e a garantir que o código esteja em conformidade com os padrões estabelecidos.

Finalmente, é importante que os desenvolvedores recebam treinamento adequado em boas práticas de desenvolvimento de software. Isso pode incluir aulas de programação, treinamento em ferramentas de desenvolvimento, e orientação sobre padrões de codificação e boas práticas.

Aqui estão 10 autores e seus livros que abordam a importância de escrever código de qualidade e fácil de entender:

  1. Steve McConnell - Code Complete 2nd Edition
  2. Robert C. Martin - Clean Code: A Handbook of Agile Software Craftsmanship
  3. Martin Fowler - Refactoring: Improving the Design of Existing Code
  4. Joshua Bloch - Effective Java
  5. Eric Evans - Domain-Driven Design: Tackling Complexity in the Heart of Software
  6. Kent Beck - Test-Driven Development: By Example
  7. Michael Feathers - Working Effectively with Legacy Code
  8. Andrew Hunt e David Thomas - The Pragmatic Programmer: From Journeyman to Master
  9. Dan North - Accelerated Agile: Techniques for Directing Agile Development
  10. Jeff Atwood e Joel Spolsky - The Best Software Writing I: Selected and Introduced by Joel Spolsky

O "code rot" é um problema comum em projetos de longo prazo e pode ser evitado através da adoção de padrões de qualidade para o código. Isso pode incluir limites na complexidade ciclomática, a regra "80/24", a documentação adequada, a revisão de código, e o treinamento em boas práticas de desenvolvimento de software. Ao adotar essas práticas, os desenvolvedores podem garantir que o código seja fácil de entender, manter e evoluir ao longo do tempo.

Bora lubrificar esse código!