Nos melhores times de produto que conheço, ninguém espera ser mandado fazer algo. Eles querem entender o porquê por trás das decisões. Querem contexto, impacto e autonomia. E é exatamente isso que Comece pelo Porquê, de Simon Sinek, nos lembra: pessoas se engajam quando compreendem o propósito.

Mas aqui está o desafio: o ambiente de trabalho mudou. Não estamos mais em salas com quadros brancos e reuniões diárias intermináveis. Estamos em fuso horários diferentes, com agendas lotadas e uma expectativa crescente por foco e objetividade. A comunicação hoje precisa ser assíncrona, clara e contextualizada — ou não funciona.

Este artigo é para líderes, PMs, designers, devs e quem mais quer construir times autônomos e alinhados. Vou mostrar como aplicar o “WHY” de Sinek em mensagens que não precisam de reuniões para fazer sentido, mas que ainda geram alinhamento, engajamento e movimento.


No livro Comece pelo Porquê, Simon Sinek defende que empresas e líderes de sucesso inspiram ação quando comunicam seu propósito antes de explicar o que fazem ou como fazem. Mas como aplicar esse conceito em um mundo onde a comunicação é cada vez mais assíncrona (não em tempo real), distribuída e remota?

Neste artigo, exploraremos como alinhar seu “WHY” (porquê) com uma comunicação clara, contextualizada e assíncrona para engajar times, clientes e stakeholders de forma mais eficiente.


1. O Poder do “Porquê” na Comunicação

Por que começar pelo propósito?

  • Gera conexão emocional: Pessoas se engajam mais com causas do que com produtos.
  • Reduz ruídos na comunicação: Quando todos entendem o propósito, as decisões e mensagens se alinham naturalmente.
  • Aumenta autonomia: Times que sabem o “porquê” tomam decisões alinhadas sem microgerenciamento.

Exemplo Prático:

  • Comunicação tradicional (sem WHY):

    “Precisamos finalizar o relatório até sexta.”

  • Comunicação com WHY:

    “Precisamos finalizar o relatório até sexta porque ele ajudará nosso cliente a tomar uma decisão estratégica que impactará milhares de pessoas.”


2. Comunicação Assíncrona: O Novo Padrão

Com o crescimento do trabalho remoto e equipes globais, a comunicação assíncrona (mensagens que não exigem resposta imediata) tornou-se essencial. Mas como garantir clareza e contexto?

Princípios da Comunicação Assíncrona Eficaz:

Contexto primeiro: Sempre inclua o “WHY” antes de pedir ações.
Clareza acima de tudo: Evite ambiguidades; use formatação (bullet points, negritos).
Documentação centralizada: Ferramentas como Notion, Slack (em threads organizadas) ou e-mails bem estruturados reduzem retrabalho.

Exemplo de Mensagem Assíncrona Eficaz:

📌 Assunto: Atualização do Projeto X – Ação Necessária
🔹 Contexto (WHY): Este projeto impactará a experiência do usuário, alinhado com nosso objetivo de reduzir churn.
🔹 Próximos passos (HOW/WHAT): Precisamos revisar o protótipo até quarta-feira.
🔹 Link para detalhes: [Documento completo aqui].


3. Estratégias para Alinhar o “WHY” com Comunicação Assíncrona

a) Crie Documentos de Contexto

  • Mantenha um espaço (Notion, Confluence) com:
    • Missão e visão da empresa.
    • Objetivos trimestrais.
    • “WHY” por projeto.

b) Padronize Formatos de Mensagem

  • Use templates para e-mails e atualizações, sempre começando com o contexto.

c) Treine Times em Comunicação Clara

  • Ensine a equipe a estruturar mensagens como:
    1. Por que isso importa?
    2. O que precisa ser feito?
    3. Qual o prazo e recursos disponíveis?

4. Benefícios dessa Abordagem

Menos reuniões desnecessárias (as pessoas agem com autonomia).
Decisões mais rápidas (o “WHY” já está claro).
Engajamento sustentável (as pessoas se conectam com o propósito).


Conclusão: Comunicação com Propósito = Resultados Melhores

Assim como Simon Sinek ensina, começar pelo “porquê” transforma a forma como nos comunicamos. Quando combinamos isso com clareza, contexto e assincronicidade, criamos um ambiente onde:

  • As pessoas agem com propósito.
  • A comunicação flui sem ruídos.
  • Os resultados são mais consistentes.

Pronto para repensar sua comunicação? Comece seu próximo e-mail, mensagem ou documento explicando o “porquê” antes de pedir ação.


Você já aplicou o “Comece pelo Porquê” na sua comunicação? Compartilhe nos comentários!

🔗 Leitura recomendada: “Comunicação Não-Violenta” (Marshall Rosenberg) + “Remote” (Basecamp) para aprofundar no tema.


Exemplo de e-mail com propósito

Assunto: 🌐 Novo dashboard de status ativo – visibilidade e resposta proativa


Oi, time,

Quero reforçar a importância do nosso novo dashboard de status dos serviços, que já está ativo e disponível para todos.

🧭 Por quê isso importa: Antes, só sabíamos que algo estava fora do ar quando um cliente reclamava ou um chamado era aberto. Agora, temos visibilidade imediata sobre o status de todos os serviços críticos, o que nos permite:

  • Agir proativamente, antes que o impacto chegue ao cliente.
  • Reduzir o tempo de resposta e resolução de incidentes.
  • Apoiar decisões técnicas e priorização em tempo real.
  • Aumentar a confiança interna e externa na estabilidade da nossa plataforma.

📊 O que o dashboard mostra:

  • Status em tempo real (UP/DOWN) dos principais serviços: 🔹 API pública 🔹 Autenticação (Keycloak) 🔹 Banco de dados 🔹 Serviços de fila e workers 🔹 Integrações externas (como envio de e-mails e pagamentos)
  • Histórico das últimas 24h com picos de latência ou quedas
  • Indicadores de SLA e uptime mensal
  • Notificações automatizadas em caso de falhas

Próximo passo: Integraremos alertas com o Slack e adicionaremos mais dois serviços monitorados até o fim do mês.

Se tiverem sugestões de melhoria ou quiserem incluir novos serviços, respondam por aqui ou comentem direto no board de infraestrutura.

Obrigado a todos que participaram da implementação! — Gilmar


Comentários

@Kalyan

boa leitura! acho legal complementar com a tecnica de analise que, ironicamente, coloca o “what” acima do “why” novamente - chamada de “what over why” - que vem da analise literaria mas se aplica a diversas atmosferas

faz sentido a necessidade de uma enfase no “porque” durante comunicacoes assincronas. eh claro que essa enfase requer uma definicao de um “porque”, que por si so requer uma analise. “what over why” acaba sendo umas das tecnicas mais uteis de analise que ja encontrei ate hoje, entao serve diretamente para isso

segue o excerpt de um professor de 1971 (nao sei de qual universidade, mas enfim!):

To the “untrained mind,” when it sees a phenomenon it can’t observe, immediately, it goes, “WHY? Why should this be?” You see? The “trained mind” avoids that whole thing. It’s true he wants to find out why. But he knows that that way he’s looking is a dead end. The “trained mind” just seeks to define, “What is going on here?” “What is going on here?” See the “untrained mind” is just ASTOUNDED. “Hey! How does that work?!” It CAN’T move. It’s paralyzed. The “trained mind” forgets about the astonishment, the whole business… It just takes [the question], “What is going on here?” “Is there anything here we can see?” I’m telling you, instead of running all around answering WHYS, we just took the facts and said “What do these facts say?” “What’s the underlying theory here?” Many times once you define the facts, all the kashyas [i.e. question] fall off. The WHAT obliterates the WHY.